Já te contei que a origem do pseudônimo "Fábio Moon" vem de cartas de amor secretas que eu datilografava e mandava pelo correio para uma menina que eu gostava no primeiro colegial? Nas cartas, eu assinava Moonshadow, que é um personagem de um Quadrinho que eu amava naquela época. Eu copiava a assinatura do personagem no final das cartas com uma caneta tinteiro (que era a ferramenta mais rebuscada e romântica que eu tinha com 14 anos).
Sua missiva [amo para sempre essa palavra] chegou na primeira hora do dia. Chove na cidade mais solar e a cã se inquieta porque sabe que não vai passear.
Sua cartinha figura entre as minhas preferidas - talvez a mais entre todas até aqui e agradeço de antemão as dicas. Como vai a vida, o Palmeiras e a saúde?
Saudades do cafezinho que nunca tomamos [ainda]
Beijos
É.
PS: Chordelos de Laclos é e sempre será meu nome de drag.
Coisa linda amanhecer com uma missiva tão gentil e auspiciosa. 🌹 Vamos de cartas pois “também escrevi em meu tempo cartas de amor”🥰 !!! Viva a Lábia 🤗🤗🫶🫶
Vim procurar nos comentários se alguém tinha citado esse que é um dos meus poemas favoritos, porque eu também fui uma grande ridícula enviando cartas de amor “no meu tempo”. Será que os romances epistolares do futuro serão sobre a troca de zap zap?
Problemas atuais, soluções ancestrais. Não tem nada melhor pro detox digital que voltar para o analógico, né? Lembro que na adolescência eu trocava cartas com as amigas através de um caderno que circulava no grupinho, cada dia estava na casa de uma. Bateu uma nostalgia fortíssima!
PS: um perigo ler A Lábia antes da Bienal, Ana! Minha lista já aumentou exponencialmente com as suas indicações!
Escrevo cartas sem pausa desde a infância. Em 2017, virou um projeto no Instagram e há alguns anos é um projeto ainda maior, que inclui a newsletter, chamada Te escrevo cartas. Meus jovens amigos da faculdade trocam cartinhas e bilhetes, talvez não através do correio, mas trocam. Concordo que é uma arte em processo de obsolencia, mas também prefiro pensar que as reviravoltas tecnológicas podem nos surpreender e, de repente, a carta virar trend - como chamam as modinhas de hoje. Gostei da sua lista, muitas coisas pra desejar, como sempre. Particularmente, curto muito o Correio Literário <3
Também gostei dessa tradução de As Ligações Perigosas. Fiz um curso de preparação de texto, no qual a professora defendeu o uso do pronome vós. Achei absurdo.
Eu também não troquei muitas cartas, estive na transição para o mundo tecnológico (e chato).
Lendo a reflexão de hoje, me veio um pensamento aqui: uma lábia sobre dedicatórias seria muito boa também (a mim lembram as cartas, e dessas eu agradeço por ter feito muitas rs).
Não poderia deixar-te sem resposta, logo eu que chamo cartas às edições da minha newsletter, e que como você também sou mexeriqueiro boquirroto arengueiro de mão cheia, logo, amante das encíclicas, mesmo as mais mundanas, ou melhor, principalmente estas, a começar por seus irmãos mais novos e frívolos, os correios elegantes que, se calhar, estarão a circular em breve pelas festas juninas escolares.
Mas toda esta delonga que tanto versa e nada diz apenas para citar um livro epistolar que a tua carta me trouxe à lembrança: A caixa-preta, do Amos Oz. Do qual, apesar de ter lembrado, gostei medianamente. Tem melhores, como diz você.
Mas então, bem, é isto. Forza Palestra e vamo que vamo.
Com os melhores cumprimentos, como sempre encerram-se as missivas lá na terrinha pra onde me mudo na semana que vem,
Pensei sobre as cartas recentemente tb quando em uma social entre amigos fomos jogar um jogo de.... cartas chamado "love letter". Começava a jogar a ultima pessoa que tinha escrito uma carta (eu mesma). Dai percebi que ninguem mais escreve cartas e muita gente da rodinha nunca nem tinha pensado em escrever alguma. Eu ainda escrevo, geralmente em aniversarios, pra que a pessoa guarde um rastro do que sentiamos no momento. Acho um presente maravilhoso (e o melhor, nao custa dimdim kkk)
Penso bastante sobre esse assunto e o seu texto fez muito sentido pra mim. Tive a sorte de começar a escrever cartas quando ainda nem sabia escrever direito. E acho que nos faria bem se esse "subgênero" voltasse. Vou lançar um projetinho (pequeno mesmo) chamado Fábrica de Cartas com dois amigos em uma feira aqui em SP em agosto. A ideia é justamente oferecer nossos serviços para ajudar as pessoas a se expressarem "por meio desta", em um processo 100% analógico com máquina de escrever, prensa e selo. Acho que quase todo mundo poderia escrever uma carta pra alguém, né?
Ana, como é bom conhecer pessoas por meio de uma carta inesperada como a sua. Há vinte e três anos conheci a Daniela. A carta dela se desdobrou em casamento. Ela se apresentou a mim como amiga de um amigo, que ouvia falar de mim como o cozinheiro biólogo que foi trabalhar na França. Veio conversar sobre técnicas de cozimento, por texto. Educada, ela escrevia bem e dominava o vocabulário de cozinha, por experiência profissional como caixa e vendedora numa loja de utensílios culinários. Sua escrita era gentil e divertida... Um ano depois eu voltei para o Brasil e procurei por ela, que nem tinha sido avisada que eu voltaria. Estamos juntos até hoje. Tenho muito orgulho dessa história. Sua carta me reavivou essas memórias.
Para não me despedir com um simples ponto final, gostaria de deixar minha dúvida quanto a vantagens da espera pela carta em papel, que viajava por dias ou semanas até seu destinatário, quando comparada à sua versão instantânea, o email. Sei que o prazer de abrir o envelope, de tocar o papel, de ler a caligrafia do outro, a escolha do papel, os perfumes, as excicatas, as iluminuras, os selos, as marcas de gordura ou de café (quantos vetores de conteúdo não textual tínhamos antes dos emojis!), são elementos valiosos das cartas. Mas e a espera? Você sente falta da espera?
Que história maravilhosa, Bernardo! Baita enredo de um livro que ainda não existe. Ah, acho que sim, o tempo das cartas é o molho da ansiedade, e faz diferença demais. Claro, não sei se é melhor, mas tinha lá sua graça. Muito obrigada por escrever, gostei mesmo de saber da sua história.
Com essa ausência das cartas no nosso cotidiano, o romance epistolar precisa sempre se reinventar, né. É o próprio caso do Stênio que você citou e o caso do romance que quero indicar: "Cartas no corredor da morte", de duas escritoras brasileiras, Cláudia Lemes e Paula Febbe. Nele, dois serial killers condenados à morte trocam cartas, porque é a única forma de se comunicarem em prisões distantes uma da outra, e nelas eles revelam suas atrocidades um para o outro, até que as coisas começam a tomar um rumo muito interessante.
Nunca li um romance epistolar (nem conhecia o termo, devo admitir), mas vou correr atrás desse prejuízo já. Obrigada por continuar aumentando minha lista de leituras, que já beira o infinito...
Já te contei que a origem do pseudônimo "Fábio Moon" vem de cartas de amor secretas que eu datilografava e mandava pelo correio para uma menina que eu gostava no primeiro colegial? Nas cartas, eu assinava Moonshadow, que é um personagem de um Quadrinho que eu amava naquela época. Eu copiava a assinatura do personagem no final das cartas com uma caneta tinteiro (que era a ferramenta mais rebuscada e romântica que eu tinha com 14 anos).
Que coisa linda!
que lindo! que belo livro essa história daria...
Cara Ana,
Sua missiva [amo para sempre essa palavra] chegou na primeira hora do dia. Chove na cidade mais solar e a cã se inquieta porque sabe que não vai passear.
Sua cartinha figura entre as minhas preferidas - talvez a mais entre todas até aqui e agradeço de antemão as dicas. Como vai a vida, o Palmeiras e a saúde?
Saudades do cafezinho que nunca tomamos [ainda]
Beijos
É.
PS: Chordelos de Laclos é e sempre será meu nome de drag.
hahaha te amo <3
Coisa linda amanhecer com uma missiva tão gentil e auspiciosa. 🌹 Vamos de cartas pois “também escrevi em meu tempo cartas de amor”🥰 !!! Viva a Lábia 🤗🤗🫶🫶
sejamos ridículas!
Vim procurar nos comentários se alguém tinha citado esse que é um dos meus poemas favoritos, porque eu também fui uma grande ridícula enviando cartas de amor “no meu tempo”. Será que os romances epistolares do futuro serão sobre a troca de zap zap?
Problemas atuais, soluções ancestrais. Não tem nada melhor pro detox digital que voltar para o analógico, né? Lembro que na adolescência eu trocava cartas com as amigas através de um caderno que circulava no grupinho, cada dia estava na casa de uma. Bateu uma nostalgia fortíssima!
PS: um perigo ler A Lábia antes da Bienal, Ana! Minha lista já aumentou exponencialmente com as suas indicações!
Escrevo cartas sem pausa desde a infância. Em 2017, virou um projeto no Instagram e há alguns anos é um projeto ainda maior, que inclui a newsletter, chamada Te escrevo cartas. Meus jovens amigos da faculdade trocam cartinhas e bilhetes, talvez não através do correio, mas trocam. Concordo que é uma arte em processo de obsolencia, mas também prefiro pensar que as reviravoltas tecnológicas podem nos surpreender e, de repente, a carta virar trend - como chamam as modinhas de hoje. Gostei da sua lista, muitas coisas pra desejar, como sempre. Particularmente, curto muito o Correio Literário <3
Também gostei dessa tradução de As Ligações Perigosas. Fiz um curso de preparação de texto, no qual a professora defendeu o uso do pronome vós. Achei absurdo.
Adorei a lábia de hoje, Ana.
Eu também não troquei muitas cartas, estive na transição para o mundo tecnológico (e chato).
Lendo a reflexão de hoje, me veio um pensamento aqui: uma lábia sobre dedicatórias seria muito boa também (a mim lembram as cartas, e dessas eu agradeço por ter feito muitas rs).
Boa semana!
tem um perfil lindo no instagram chamado @eutededico. dá uma olhada lá
Eu sigo, e adoro!
Ler essa edição da Lábia me lembrou como mesmo sendo jovem, as cartas ainda estiveram presentes na minha vida no período da adolescência na escola.
Uma carta é um espaço aconchegante e íntimo para nos expressarmos, além do exercício da escrita. 😊
Gosto de escrevê-las para o meu namorado e de receber as dele também haha 😄
Cara Ana,
Não poderia deixar-te sem resposta, logo eu que chamo cartas às edições da minha newsletter, e que como você também sou mexeriqueiro boquirroto arengueiro de mão cheia, logo, amante das encíclicas, mesmo as mais mundanas, ou melhor, principalmente estas, a começar por seus irmãos mais novos e frívolos, os correios elegantes que, se calhar, estarão a circular em breve pelas festas juninas escolares.
Mas toda esta delonga que tanto versa e nada diz apenas para citar um livro epistolar que a tua carta me trouxe à lembrança: A caixa-preta, do Amos Oz. Do qual, apesar de ter lembrado, gostei medianamente. Tem melhores, como diz você.
Mas então, bem, é isto. Forza Palestra e vamo que vamo.
Com os melhores cumprimentos, como sempre encerram-se as missivas lá na terrinha pra onde me mudo na semana que vem,
Ferdinando
Pensei sobre as cartas recentemente tb quando em uma social entre amigos fomos jogar um jogo de.... cartas chamado "love letter". Começava a jogar a ultima pessoa que tinha escrito uma carta (eu mesma). Dai percebi que ninguem mais escreve cartas e muita gente da rodinha nunca nem tinha pensado em escrever alguma. Eu ainda escrevo, geralmente em aniversarios, pra que a pessoa guarde um rastro do que sentiamos no momento. Acho um presente maravilhoso (e o melhor, nao custa dimdim kkk)
Penso bastante sobre esse assunto e o seu texto fez muito sentido pra mim. Tive a sorte de começar a escrever cartas quando ainda nem sabia escrever direito. E acho que nos faria bem se esse "subgênero" voltasse. Vou lançar um projetinho (pequeno mesmo) chamado Fábrica de Cartas com dois amigos em uma feira aqui em SP em agosto. A ideia é justamente oferecer nossos serviços para ajudar as pessoas a se expressarem "por meio desta", em um processo 100% analógico com máquina de escrever, prensa e selo. Acho que quase todo mundo poderia escrever uma carta pra alguém, né?
Ana, como é bom conhecer pessoas por meio de uma carta inesperada como a sua. Há vinte e três anos conheci a Daniela. A carta dela se desdobrou em casamento. Ela se apresentou a mim como amiga de um amigo, que ouvia falar de mim como o cozinheiro biólogo que foi trabalhar na França. Veio conversar sobre técnicas de cozimento, por texto. Educada, ela escrevia bem e dominava o vocabulário de cozinha, por experiência profissional como caixa e vendedora numa loja de utensílios culinários. Sua escrita era gentil e divertida... Um ano depois eu voltei para o Brasil e procurei por ela, que nem tinha sido avisada que eu voltaria. Estamos juntos até hoje. Tenho muito orgulho dessa história. Sua carta me reavivou essas memórias.
Para não me despedir com um simples ponto final, gostaria de deixar minha dúvida quanto a vantagens da espera pela carta em papel, que viajava por dias ou semanas até seu destinatário, quando comparada à sua versão instantânea, o email. Sei que o prazer de abrir o envelope, de tocar o papel, de ler a caligrafia do outro, a escolha do papel, os perfumes, as excicatas, as iluminuras, os selos, as marcas de gordura ou de café (quantos vetores de conteúdo não textual tínhamos antes dos emojis!), são elementos valiosos das cartas. Mas e a espera? Você sente falta da espera?
Que história maravilhosa, Bernardo! Baita enredo de um livro que ainda não existe. Ah, acho que sim, o tempo das cartas é o molho da ansiedade, e faz diferença demais. Claro, não sei se é melhor, mas tinha lá sua graça. Muito obrigada por escrever, gostei mesmo de saber da sua história.
PS: A Mona Lisa asila no MASP.
#palindromo
Com essa ausência das cartas no nosso cotidiano, o romance epistolar precisa sempre se reinventar, né. É o próprio caso do Stênio que você citou e o caso do romance que quero indicar: "Cartas no corredor da morte", de duas escritoras brasileiras, Cláudia Lemes e Paula Febbe. Nele, dois serial killers condenados à morte trocam cartas, porque é a única forma de se comunicarem em prisões distantes uma da outra, e nelas eles revelam suas atrocidades um para o outro, até que as coisas começam a tomar um rumo muito interessante.
Mais uma edição maravilhosa da sua newsletter.
obrigada pela dica!
Me lembrou um dos livros mais lindos que tenho e li: com o mar por meio, a belíssima troca de cartas entre Jorge Amado e Saramago, também amado.
Nunca li um romance epistolar (nem conhecia o termo, devo admitir), mas vou correr atrás desse prejuízo já. Obrigada por continuar aumentando minha lista de leituras, que já beira o infinito...